quarta-feira, 20 de abril de 2011

O Show do Eu



Para explicar alguns sintomas da sociedade contemporânea que legitimou a cultura da observação do outro, em paralelo a exposição de si próprio, a antropóloga argentina Paula Sibilia, que também é professora da Universidade Federal Fluminense do Curso de Estudos culturais e Mídia, e vem se dedicando nos últimos anos a pesquisar sobre os atores das redes sociais e suas novas práticas autobiográficas de sua intimidade na internet, nos apresenta seu livro O show do Eu – a intimidade como espetáculo, publicado em 2008, originado de sua tese de doutorado em Comunicação e Cultura na ECO-UFRJ, tendo seus direitos de edição reservados a Editora nova Fronteira S. A..
                                
No livro O show do Eu: a intimidade com espetáculo a autora Paula Sibilia recorre a teoria e a prática para exemplificar como a sociedade contemporânea vem legitimando a prática da exposição de si próprio, e a observação da vida alheia, comportamento em que a busca para tornar-se visível dentro dos diversos meios de comunicação pose ser levado às últimas consequências. Passeando por vários exemplos dos clássicos, as literaturas mais atuais a autora busca compreender porque hoje as experiências íntimas da vida de uma pessoa desconhecida pode se tornar tão atraente para tantas pessoas, mesmo que ela não fale nada de original.
Para uma compreensão mais ampla do leitor, a autora dividiu a sua obra de duzentas e setenta e seis páginas em nove capítulos intitulados: 1. Eu, eu, eu...você e todos nós, 2. Eu narrador e a vida como relato, 3. Eu privado e o declínio do homem público, 4. Eu visível e o eclipse da interioridade, 5. Eu atual e a subjetividade instantânea, 6. Eu autor e o culto a personalidade, 7. Eu real e os abalos da ficção, 8. Eu personagem e o pânico da solidão, 9. Eu espetacular e a gestão de si como uma marca. Neste passeio por tantos “Eu” a autora mostra as mais diversas facetas dos inúmeros atores das redes sociais nesta busca constante da espetacularização da intimidade, para um público cada vez maior na internet e nos grandes meios de comunicação.

O livro aponta a passagem e as modificações de comportamento adquiridas do século XX para o século XXI com o advento da internet e suas infinitas possibilidades de profusão e disseminação da intimidade como espetáculo, nas diversas e disponíveis redes sociais como os Blogs, Fotologs, Videologs, Orkut, Messenger, MySpace, Flickr, Twitter,You tube, Fecebook, redes mundiais socializadas entre milhões de usuários, que compartilham suas biografias e diários pessoais nada íntimos, buscando a popularidade  da intimidade como espetáculo.
Neste processo de entendimento desta nova cultura a autora recorre a alguns exemplos na tentativa desde o inicio do livro de responder a pergunta nietzschiana: Como alguém se torna o que é? Para esta resposta ela utiliza um paralelo entre grandes escritores e “personalidades” contemporâneas como: Nietzsche e Bruna Surfistinha, Clarice Lispector e Vera Loyola, Fernando Pessoa e Kléber Bambam, Virginia Woolf e Clara Averbuck, Freud e Lola Copacabana, entre outros.
Utilizando como suporte estes autores o livro tem como desafio compreender as transformações de nossas práticas culturais, principalmente aquelas confessionais e performativas, na conformação daquilo que somos daquilo que queremos que os outros pensem que somos e como toda esta subjetivação contemporânea vem afetando o cotidiano das pessoas.

 Esta obra trás vários questionamentos sobre o cotidiano destas pessoas, a maneira como vemos o mundo, como este nos vê e ainda como esta interação vem afetando as relações entre as pessoas. Nesta busca constante em mostrar a intimidade será que as pessoas estão realmente mostrando-se como são ou criando um personagem para ser aceito pelo grupo ou grupos o qual quer fazer parte?
O livro a todo o momento busca responder a este questionamento, mas será que em meio a todas estas transformações da cultura digital e por fazer parte deste contexto histórico estamos realmente preparados para responder a tais perguntas? Ou somos meros personagens deste processo?
Acredito que teremos que nos tornar mais “experientes” com esta e outras práticas sociais do mundo digital que vem internalizando-se em nossa sociedade, para melhor compreender este processo, até porque para os que nasceram neste mundo já totalmente digitalizado isto não é uma nova prática isto faz parte de seu tempo, não sentiram incorporar na prática do cotidiano, já faz parte dela.
A temática abordada neste livro é de grande relevância social necessária para compreensão de uma prática cultural de abrangência mundial, um fenômeno que vem crescendo em uma velocidade assustadora e que já se incorporou no cotidiano da sociedade.

 A autora desta obra é Maria Paula Sibilia é pesquisadora de temas culturais contemporâneos, graduou-se em Comunicação e em Antropologia pela Universidade de Buenos Aires (UBA), fez mestrado em Comunicação (UFF), doutorado em Saúde Coletiva (IMS-UERJ) e em Comunicação e Cultura (ECO-UFRJ). É autora do livro O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade e tecnologias digitais( Relume Dumará, 2002). Atualmente é professora adjunta do Programa de Pós Graduação em Comunicação e do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e bolsista de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq (PQ2), e “Jovem Cientista do Nosso Estado” pela FAPERJ.





Luciana Nunes Spínola,
Pedagoga e Especialista em Formação de Professores da Educação Infantil com Mídias Interativas ambas pela UNEB, Especialista em Tecnologias e Novas Educações pela UFBA e Mestranda em Educação pela USAL.











Um comentário:

  1. Oi Luciana, bom dia

    Sou Anatália, professora da UFBA/ICADS. Você fez o curso de especialização em Formação de Professores para Educação Infantil com Mídias Interativas. Já conversei com a professora Olívia Mattos. Mas ela não tem o contato de vocês. Você pode colaborar em minha pesquisa de doutorado que investiga os cursos de especialização em Educação Infantil no Estado da Bahia?
    Sua opinião é muito importante, se puder me envie um e-mail anatalia.oliveira@ufba.br

    Desde já, agradeço sua colaboração.
    Anatália

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